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UMBANDALOGIA – XANGÔ MENINO SINCRETIZADO.

O sincretismo é a mistura acrítica de ritos, crenças e elementos doutrinais de religiões diferentes e, em muitos aspectos, incompatíveis em conteúdo teológico. Esta é uma definição pouco ecumênica, mas, verdadeira, motivo pelo qual Umbandalogia não será nomenclatura de artigo, mas, antes estudos através de breves escritos avocando os irmãos umbandistas a serem depositários da memória religiosa, formuladores de teologias Umbandista e precursores de ensinamentos coerentes, conscientes e fundamentados. È uma introdução para o artigo, mas, será esmiuçada oportunamente.

Por ocasião do mês de junho quando se festeja Xangô o orixá que parece ser quem mais possui sincretizações com os santos católicos entre elas com São João Batista, São Pedro e com São Jerônimo, refletiremos um pouco sobre a figura de Xangô Menino na Umbanda. Próprio do rito Sagrado do Batismo, em especial evocação na cerimônia oficial da FUCESP, sincretiza-se na figura adulta de São João Batista embora alguns equívocos teológicos desdobram-se sobre ícones cristãos na figura de uma criança apontando para “Agnus Dei” ou Cordeiro de Deus o que neste contexto não se fundamenta.

A relevância do papel de São João Batista reside no fato de ter sido o “precursor” de Cristo ou da vida pública de Jesus, ele é assim, um dos elos de ligação entre o Antigo e o Novo Testamento.

Segundo o Evangelho de Lucas, João, mais tarde chamado o Batista, nasceu numa cidade do reino de Judá, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, parenta próxima de Maria, mãe de Jesus. O único santo católico comemorado na sua data de nascimento pelo fato bíblico que fundamenta a virtude cristã ainda no ventre de sua mãe: “… Maria foi visitar Isabel. “Ora quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?'” (Lc 1:41-43). Todas essas circunstâncias realçam o papel que se atribui a João Batista como precursor de Cristo.

A vaidade, o orgulho, ou até mesmo, a soberba, jamais estiveram presentes em São João Batista e podemos comprová-lo pelos relatos evangélicos Quando seus discípulos hesitavam, sem saber a quem seguir, ele apontava em direção ao único caminho, demonstrando o Rumo Certo, ao exclamar: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (Jo 1,29). Neste contexto a imagem de Xangô Menino apontando para o céu pode ser interpretada como aquele que aponta para as intervenções necessárias a nossa mudança de vida, sentido teológico do batismo. O Batismo é um anúncio ao mundo que seremos inseridos na vida pública de servir ao próximo.

No século 6, a Igreja Católica passou a homenagear São João no dia 24 de junho, próximo ao solstício de verão fundamentando-se no fato de haver um único dia mais longo e a noite mais curta do ano, dia em que a LUZ é presente por mais tempo entre os homens. Na versão pagã da comemoração do solstício, fogueiras eram acesas para livrar as plantações dos espíritos maus que podiam impedir a fertilidade.

No hemisfério sul ocorre em junho o solstício de inverno, com o dia mais curto e a noite mais longa do ano, no entanto, prevalece a fundamentação da Igreja católica.

João batizou Jesus, embora não quisesse fazê-lo, dizendo: “Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim?” (Mt 3:14). Talvez esta seja a raiz para a fundamentação de uma teologia batismal Umbandista irrefutável a qualquer discordância sincrética: o batismo por excelência se dá na figura de Xangô Menino.

Kaô Kabecilê!

Silnei Aparecido Farkas é teólogo formado pela Pontifícia Faculdade de Teologia NSA Assunção de São Paulo, médium na T.U.Pai Oxalá, Caboclo Lírio Branco e Pai Joaquim de Angola e cursa regularmente a formação sacerdotal ministrada na FUCESP.

FUCESP – Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de São Paulo 2015

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